Cisão, fusão e incorporação: fusões e incorporações em telecom a partir de 2020

A crise sanitária movimentou determinados setores da economia como cisão fusão e incorporação em Telecomunicações. Com os desafios impostos pelo…

A crise sanitária movimentou determinados setores da economia como cisão fusão e incorporação em Telecomunicações. Com os desafios impostos pelo isolamento social, a população precisou se adaptar aos novos tempos. Compras online, home office, streaming, entre outros serviços digitais passaram a ser obrigatórios na rotina.

O crescimento da demanda por aplicativos, softwares, plataformas, internet de qualidade e outras ferramentas impulsionou o setor de Telecomunicação e Tecnologia da Informação. Essa movimentação alavancou não só a venda de produtos e serviços como fomentou a integração de empresa em processos de Mergers and Acquisitions (M&A), ou Fusões e Aquisições, em português.

Números do mercado de cisão fusão e incorporação

O número de transações desse tipo envolvendo as empresas de Telecomunicação e TI aumentou consideravelmente, ultrapassando as expectativas que o mercado havia projetado antes da pandemia.

A aceleração foi de 42,7%, o que possibilitou ao setor registrar um aumento de 92,6% no valor das operações. Somente em 2020, foram 545 processos entre cisão, fusão e incorporação e um total de R$ 80,4 bilhões. Para efeito de comparação, em 2019 foram 382 transações de M&A.

Somente em dezembro, o mercado registrou 65 processos contra 24 no ano anterior. O destaque fica por conta do recorde histórico. Confrontando as informações, a diferença entre o quarto trimestre de 2019 e de 2020, houve um crescimento de 91,9%. A variação no valor das transações foi de mais de 500%.

Quanto ao segmento, a liderança do mercado continuou com o software, que representou 51,6% dos ativos e foi responsável por 55,4% do volume de operações, somando R$ 37 bilhões. Destes, 33,8% foram relacionados às finanças, comunicação, educação, saúde, energia, meio ambiente e setor público, acumulando 184 transações de M&A.

Em segundo lugar, no quesito volume de processos, está o segmento de mídia, que registrou 21,3% do total das transações, sendo impulsionado por serviços de conteúdo, mídia digital e serviços de marketing. Foram 116 operações que geraram R$ 5,2 bilhões, um crescimento de 100% em relação ao ano anterior, apesar do setor ficar em quinto em relação ao valor de negócio.

A área de serviços de TI registou 10,6% do total de transações de M&A em 2020, liderado pelo de setor de BPO com terceirização dos setores financeiro, de recursos humanos, contabilidade, além de treinamento e outsourcing. Foram 52 processos relacionados de um total de 58. O montante registrado foi de R$ 6,6 bilhões.

Já os serviços de telecom, que inclui voz fixa e celular, comunicação de dados e canais de televisão por assinatura, foram responsáveis por R$ 23,2 bilhões, um crescimento de 80%. Os números são expressivos se levarmos em conta que telecom registrou o menor aumento, de 1,7% do total de transações, entre janeiro e dezembro de 2020.

A lista ainda conta com comércio eletrônico, com 7%; serviços de internet, registrando 5,9%; hardware, com 2% das operações de M&A.

Transações de cisão fusão e incorporação por receita e nacionalidade

O recorte do balanço de M&A também considerou o porte empresarial, que considera o faturamento bruto total ou estimado das organizações durante o período de um ano.

Em 2020, empresas de pequeno porte, com faturamento até R$ 16 milhões, foram responsáveis por quase a metade das fusões e cisões. Foram 269 das 545 operações realizadas no período.

Já as empresas de médio porte, aquelas cuja receita é de R$ 16 milhões até R$ 90 milhões, estiveram envolvidas em 49,4% das operações no acumulado do ano, somando 164 transações. Em relação à 2019, o crescimento foi de 44%.

Organizações classificadas como microempresa, grande e média-grande empresa registraram 28, 40 e 44 processo de M&A, respectivamente.

Do total de ações, 439 foram realizadas por investidores nacionais, somando 80,6% de todos os negócios fechados. O montante foi de 30,5%. Já os estrangeiros injetaram mais verba, 9 vezes mais que os empresários nacionais, sendo responsáveis por 69,5% das transações do ano. O valor médio investido em 2020 foi de R$ 147,6 milhões.

Os Estados Unidos da América estavam envolvidos em mais de 54% dos processos e investiram 24% do total movimentado. Em seguida está Portugal e Reino Unido.

Destaque de 2020 de cisão fusão e incorporação

Mas a grande aquisição no mercado de Telecom é, sem sombra de dívidas, a compra da Oi Móvel pelas três líderes, e concorrentes, no Brasil: Telecom Itália Mobile (TIM), Claro e Telefônica Brasil (Vivo). O leilão judicial da operadora foi realizado em dezembro de 2020 e agitou o mercado de teles.

A Oi foi adquirida pelas empresas por R$ 16,5 milhões, que serão pagos de acordo com a fatia de cada uma. A TIM será responsável pelo pagamento de 44% do investimento total, somando R$ 7,3 bilhões. Em seguida vem a Vivo, que irá desembolsar cerca de R$ 5,5 bilhões, 33% do preço base. Já a Claro, minoritária na negociação, irá pagar R$ 3,7 milhões, cerca de 22% do valor total da operação.

Apesar do processo ainda não está finalizado, já que depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que analisa a mitigação dos riscos concorrenciais ao reduzir de quatro para três a quantidade de players no mercado.

A decisão está prevista para fevereiro de 2022, mas o Tribunal do CADE tem até a terceira semana de março para publicar seu parecer.